A obra dos irmãos Grimm é um dos tesouros culturais que vem sendo transmitido há gerações. Nela, se descortina diante dos olhos do leitor um mundo feérico e mágico que encanta a todos. Não é difícil encontrar vestígios da profunda influência desses Contos de Fadas em nossa cultura. Afinal, não há quem não conheça as histórias de Cinderela ou de Rapunzel que já renderam filmes, paródias e adaptações. Porém muitos dos contos estão adormecidos no imaginário popular e vão caindo no esquecimento. Essa obra completa constituí um legado cultural rico que ainda pode semear magia, esperança, justiça e às vezes até um pouquinho de assombro nos dias de hoje. Por isso, buscamos que se leia e que se releia os mais de 200 contos que os irmãos Grimm nos deixaram. Em breve lançaremos o primeiro volume da coleção “Contos dos Irmãos Grimm”. Aproveite para espiar aqui, o mais breve deles:

velhinho

O velhinho e seu neto

Era uma vez um homem muito velho, cujos olhos haviam se tornado fracos para enxergar, os ouvidos surdos para ouvir, os joelhos tremiam, e quando ele estava sentado à mesa, mal conseguia segurar a colher, e derramava o caldo em cima da toalha ou deixava-o escorrer para fora da boca. Seu filho e sua nora ficavam revoltados com isso, de modo que o velho avô acabou por ser colocado para sentar-se em um canto atrás do fogão, davam-lhe seu alimento em uma tigela de barro, e nem mesmo em quantidade suficiente. 

O avôzinho costumava olhar para a mesa com os olhos cheios de lágrimas e uma vez que, também, suas mãos trêmulas não podia segurar a tigela, um dia ela caiu no chão e se quebrou. A jovem esposa o repreendeu severamente, mas ele nada disse e apenas suspirou. Então, compraram para ele uma tigela de madeira por alguns centavos, e era nela que ele tinha que comer. 

Uma noite estavam todos sentados nesta forma já habitual, quando o netinho de 4 anos começou a reunir alguns pedaços de madeira no chão.

“– O que você está fazendo?”, perguntou o pai.

“– Eu estou fazendo um pequeno cocho,” respondeu a criança, “para o papai e a mamãe comerem ali quando eu for grande.”

O homem e sua esposa se olharam por um tempo, e de repente começaram a chorar. Então, levantaram e levaram o velho avô de volta a mesa. Deste momento em diante sempre o deixavam comer com eles à mesa, e nunca mais reclamaram quando ele derramava alguma coisa.

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